Entendendo The Pig Fucking Movie, de Thierry Zeno

Explicar a loucura é arriscar-se a um mergulho na mente do homem insano.
UM FAMIGERADO LONGA, DA CULTURA UNDERGROUND

Contém SPOILER: detalhes sobre o final e outros. Se não assistiu, recomendo que visite outras páginas deste Blog.

Não viu o filme? BAIXE AQUI.

Gostei do destaque em rosa.

Um homem, um local-cosplay de fazenda/igreja e animais. Não importa o lugar, não importa de quem eles sejam, o filme está centralizado no romance entre um homem e uma porca. Amor e loucura sendo estabelecidos numa linha tênue de prazer e crueldade. Um romance bestial... Poderia haver algo mais normal que seu próprio cotidiano?

Galinhas, patos, perus, carinho, respeito por uma ótica pessoal e um juízo fora de si. Ele é o homem que respeita a mulher quando a mesma não quer transar/ele é o homem que espera a porca aquietar-se para penetrá-la. O homem demarca seu relacionamento em meio a uma ‘’sociedade’’ vivendo normalmente, construindo seus dias nos mais perfeitos conformes, sob sussurros ofegantes e intermináveis até o último suspiro.

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Não há que se discutir a sanidade mental do personagem vivido por Dominique Garny, já que o desejo ultrapassa o que é, ou pode ser, ‘’comum’’ para nós, como a zoofilia (sexo com animais) e, quem sabe, a coprofagia (ato que vai além da atração sexual por fezes: comê-las).

E há que se entender o porquê dele ter matado os três filhotes de sua amada? Teoricamente seus filhos; e, se não, a morte da porca vem depois dos filhotes morrerem, o que pode significar que ele os matou por simples impulso. A suposta calmaria estabelecida ali se abala, apesar da sempre presente musiquinha sinistra da trilha sonora. Mas há outras opiniões sobre o que acontece, menos superficiais.

Duas sinopses se contrapõem, com o final igual. No Filmow (que é uma rede social de filmes e séries): ''Um agricultor, geofísico e alquimista vive só, rodeado de animais, e se relaciona de maneira singular com uma porca. Depois de ser fertilizada, ela dá à luz três filhotes. Quando eles crescem, no entanto, o agricultor não consegue entender que eles não possam ser educados, decidindo assim enforcar seus 'descendentes' . A porca foge e acaba se suicidando.'' No IMDb (que é um dos maiores site sobre cinema e TV do mundo): ''Um fazendeiro louco se apaixona por seu porco e tem leitões mutantes com ele. Quando os "leitões" preferem a sua mãe sobre ele, ele enforca todos eles e a porca se mata.''

Qualquer que seja, é inegável que o momento em que a porca vê seus filhotes mortos e se mata num poço é desesperador.

Com qual você concorda?

''Até que ponto o homem é diferente do animal'', importante para aquela época, onde o mainstream deixava de ocupar tanto espaço.

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Na cena final, o agora amargurado e entristecido homem se enforca, pendurado numa escada. Ainda não compreendi o que era aquela coisa esvoaçante, agitada com leveza pelo vento (?).

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Influenciado por Félicien Rops (sua obra traz sexo, morte e satanismo, vale a pena), Thierry Zeno, cineasta e artista plástico belga, filmou Vase de Noces [no seu original] em 1974, trouxe polêmica e talvez o que se esconde por trás das cercas, e, claro, foi proibido/reincluído/proibido em festivais.

Obra ''A Senhora do Porco - Pornocracia'', de 1879, o que pode ter resultado no filme

Vase de Noces é lembrado por vários nomes, como Wedding Trough (oficial em inglês), One Man and His Pig (não oficial), mas sempre conhecido por The Pig Fucking Movie (meio que um subtítulo de capa americano), prova de que tem boa reputação entre os cinéfilos underground, apesar da má fama fora do meio.

Nova versão lançada em DVD com uma capa que pode trazer uma sensação maior do que está por vir.

*P.S. 1: O significado de ‘’Vase de Noces’’ (francês) é ‘’Vaso de Casamento’’, enquanto ‘’Wedding Trough’’ significa ‘’Através do Casamento’’ ( risos).

*P.S. 2: Bestialidade, na Bíblia, é a relação sexual de humanos com animais.

Opinião pessoal/expressa: Ultrajante, desrespeitoso, feridor de morais alheias e ao mesmo tempo delicado. Novos ângulos, elementos desconexos, ideias loucas: cinema [também] é isso.

Quase lá